O REFLEXO DA AUTOESTIMA NO ESPELHO SOCIAL


A forma como se visualiza no espelho e se autoconceitua pode estar intimamente ligada a algumas normas da sociedade, afinal os seres humanos são concebidos por uma imagem social, respondendo as exigências de uma sociedade normativa de forma e aparência. É na sociedade e na cultura que aprende a ser.

A concepção de si mesmo é central na definição de como o indivíduo percebe, avalia e se comporta, ele é delineado por normas culturais, valores e crenças. Este conceito de autoestima tem a premissa no entendimento de diferentes visões, tanto de saúde física, quanto mental e emocional. O conceito de autoestima tem sido considerado como um importante indicador de saúde mental. Dependendo que é feita desta estimativa de valor é possível traçar metas e objetivos, reconhecendo inclusive potencialidades.

A autoestima apresenta-se na maneira como as pessoas aceitam a si mesmas e, como valorizam o outro e projetam-se suas expectativas, enfatizando as consequências dadas pelos indivíduos e às diferentes situações ou eventos da vida. Corresponde a uma junção de valores que o indivíduo apropria do que sente e pensa, julgando seu comportamento como positivo ou negativo, a partir desse quadro de valores.

A autoestima diz respeito a maneira como o indivíduo elege suas metas, projeta suas expectativas, aceita a si mesmo, e valoriza o outro (ANDRADE; SOUZA; MINAYO, 2009). Está relacionada também a autoconfiança, pois a pessoa com boa autoestima torna-se mais confiante diante das decisões a serem tomadas. Está relação diz respeito o quanto o sujeito está satisfeito ou insatisfeito em relação às situações vividas. Quando sua resposta é positiva geralmente o indivíduo se sente confiante, competente e possuidor de valor pessoal.

A autoestima, seja qual for o nível, é uma condição experimental íntima; é o estado do indivíduo que não está em conflito consigo mesmo ou com os outros. A ausência de consciência de seu verdadeiro potencial pode levar a um desequilíbrio entre o que sou e o que projeto ser. Caso esta experiência íntima não almeja um equilíbrio a pessoa passará a viver em contradição, fingindo ser o que gostaria de ser, não admitindo a sua verdadeira identidade. Brande (1995, apud ANDRADE; SOUZA; MINAYO, 2009) afirma que “o indivíduo vivencia uma mentira quando distorce sua própria realidade, mente quando mostra-se mais do que é na sua real experiência.” Já quando acontece o equilíbrio dessa experiência íntima o resultado é positivo, gerando um equilíbrio do eu interior como o mundo, a boa autoestima exige que o eu interior esteja de acordo com o eu representado no mundo (SILVA; SILVA, 2004). Considera-se que a autoestima equivale ao querer bem a si mesmo e quando diminuída pode ser percebida como complexo de inferioridade, sentimento de incapacidade, apatia, desânimo, e outros sintomas que refletem incompatibilidade com seus próprios valores, para com aparência pessoal tanto física, quanto mental, e que geralmente se apresenta como um estado de tristeza. Quando ocorre um aumento demasiado na autoestima a consequência se explana demasiadamente com a ansiedade, com a angústia ou mesmo com o medo (EGITO,2010). É de praxe confundir a definição da autoestima com a definição da autoimagem, no entanto a principal diferença nos conceitos é que a autoestima é como o indivíduo vê a si mesmo, e ao autoimagem é como os outros o vêm (EGITO, 2010).

Tudo o que o indivíduo reconhece sobre si é todo um conjunto de percepções sobre si mesmo e a autoestima faz parte do autoconceito. Só então, depois de resolvidas as questões ligadas a autoimagem, os indivíduos podem construir um autoconceito saudável. Vários estudos e pesquisas tratam da manifestação da autoestima em diversos tipos de pacientes, como é o caso de portadores de: patologias oncológicas e onco-hematológicas; doenças crônico-degenerativas; carcinomas de pele; neoplasia mamária; úlcera crônica, entre outras. A autoestima também é considerada um importante indicador da saúde mental por interferir nas condições afetivas, sociais e psicológicas dos indivíduos. Interfere, portanto, na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida da população em geral. A identificação que o indivíduo compreende com o mundo exterior interfere na composição de sua autoestima. Quando nasce, suas necessidades são supridas sem que haja por sua parte a percepção do outro. A sensação de conforto e de bem-estar parecem vir dele mesmo, como se fossem sua extensão. Conforme cresce e adquire maturação física e emocional, o mundo exterior vai se tornando distinguível.

O indivíduo começa a perceber a diferença do seu “eu” com o do "outro". No decorrer cada vez mais, passa a ter entendimento que existe o seu “eu” e os outros "eus". Visualiza que habita um corpo presente em um espaço e se relaciona com seres e objetos situados no contexto e, ao mesmo tempo, lhe dá identificação para entender que seu "eu" é independente do que lhe rodeia, não se restringe à percepção de seu físico, mas de sua constituição identitária, que decorre da influência, em primeiro lugar, da educação informal e, posteriormente, da educação formal.

As relações familiares exercem papel primordial na visão e/ou aceitação que o indivíduo tem de si e dos sentimentos autonutridos. A autoestima decorre do quanto o indivíduo se sente em relação a si próprio: autoconfiante e competente ou fracassado e incompetente. Portanto, o conceito de autoestima traduz a maneira e o quanto o indivíduo gosta de si mesmo. As condições sociais e culturais possibilitam e estabelecem limites para que o indivíduo se desenvolva e se "torne pessoa". Por meio de processos educativos, o indivíduo assimila valores, regras e princípios que começam a fazer parte de si e identificam o seu “eu” como um ser único e individual, que se diferencia dos outros. O processo de individuação e de constituição do "eu" requer anos de vivência e de experiência. Também sofre a influência das produções dos "outros",

Os valores, as atitudes e crenças que integram a autoestima não são fáceis de mensurar, pois são propriedades intrínsecas ao ser humano, ou seja, referem-se às características psicológicas, muitas vezes, não passíveis de visualização. Por outro lado, essas características não são estáveis. Podem sofrer oscilações durante a vida dos indivíduos, dependendo do nível de conhecimento, de sua compreensão dos fenômenos, de suas experiências e vivências prazerosas e/ou desagradáveis. Por sua vez, as respostas às questões dos instrumentos também dependem do entendimento do respondente a seu respeito, isto é, a forma como a questão é formulada pode influenciar as respostas dos indivíduos.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Edson Ribeiro; SOUZA, Edinilsa Ramos de; MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Intervenção visando a autoestima e qualidade de vida dos policiais civis do Rio de Janeiro. Ciência saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.14, n.1, fev.2009. Disponivel em <http://www.scielo.br/scielo.php?scrip=sci_arttext&pid=S1413-81232009000100034&Ing=pt&nrm=iso>. Acesso em 23 nov. 2018 doi: 10.1590/S1413-81232009000100034.

EGITO, José Laércio. Autoestima e autoimagem. Disponível em: <http://www.laerciodoegito.com.br/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=69>. Acesso em 23 nov. 2018.

Autor Sidnei de Oliveira
Acadêmico de Psicologia da Universidade Paranaense - UNIPAR Campus Cascavel/PR

Estagiário da EQUIPE AMPLIAR

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