VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: O CIÚMES COMO UMA VARIÁVEL DE AGRESSÃO

Introdução: A violência contra as mulheres abrange muitas proporções, entre elas violência física, sexual, emocional, estupro e coerção sexual, tráfico, feminicídio e formas culturalmente específicas, ou seja, quando faz parte do discurso de determinada cultura que mulher é inferior ao homem. Por consequência desse pensamento, a violência cometida pelo parceiro é a forma de violência mais comum contra as mulheres em todo o mundo.(Organização Pan-Americana de Saúde - OPS).

Objetivo: Debater sobre a violência contra a mulher tendo o ciúmes como uma variável da agressão.

Desenvolvimento: Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde - OPS, uma em cada três mulheres relatam violência física e/ou sexual por parte do parceiro ou outro agressor ao longo da vida. Isso mostra o quão a violência está presente nas relações afetivas, que podem ter sua causalidade permeadas, entre outras variáveis, por ciúmes e falta de respeito com a vida da parceira. De acordo com MARQUES (2010), de 71 mulheres entrevistadas por ocasião de sua ida à Delegacia para dar queixa dos companheiros conjugais, as causas gerais percebidas para as agressões foram de 70% por ciúmes. Já questões como “ele é nervoso”, “ele é agressivo” e “por questão de álcool” vieram, respectivamente, com as porcentagem de 58%, 55% e 32% como causa da agressão. Outro estudo (MOORE, EISLER & FRANCHINA, (2000) apud MARQUES (2010)), aponta que homens que agridem apresentaram mais atribuições negativas, acompanhadas de sentimentos de ciúmes, rejeição e abandono diante de comportamentos provocativos moderados do que homens que não agridem, sem diferença entre os grupos quando o comportamento da mulher é altamente provocativo. Normalmente, o ciúmes está relacionado a insegurança, desconfiança e medo pelo parceiro encontrar outra pessoa que julgue ser melhor para ele. O ciúmes que pode ser notado nos relacionamentos abusivos é o patológico, pois ele está relacionado à posse e ao controle, influenciando diretamente na vida da mulher em muitos aspectos, muitas vezes até a impedindo de trabalhar ou sair de casa. Desta forma, o ciúmes doentio e/ou patológico pode ser caracterizado pelo companheiro achar que seu cônjuge pertence totalmente a ele e que todas as suas ações têm o objetivo de atrair outra pessoa, prejudicando assim a vida dos dois no relacionamento e causando brigas exageradas que podem levar à violência física, psicológica, sexual e muitas outras. Segundo SEO (2005, p. 4), “no processo de ciúme patológico, várias emoções, pensamentos irracionais e perturbadores, dúvidas e ruminações sobre provas inconclusivas, idéias obsessivas, prevalentes ou delirantes sobre infidelidade, busca incessante de evidências que confirmem ou afastem a suspeita, além de comportamentos inaceitáveis ou bizarros, são experimentados pelo indivíduo que sofre do problema” . Percebe-se portanto, conforme aponta uma pesquisa feita no Centro de Atendimento à Mulher que o ciúmes está diretamente relacionado a uma das variáveis favorecedoras da violência contra a mulher e é entendido como a busca pelo controle que os parceiros têm com as suas companheiras, aumentando os riscos de violência (ECHEVERRIA; ERTHAL; OLIVEIRA, 2017). No entanto, é extremamente importante salientar, que o ciúmes patológico não tem origem no comportamento da mulher e sim no comportamento do indivíduo que o sente, pois ele julga qualquer ação como pretexto para justificá-lo de uma maneira exagerada e prejudicial.

Conclusão: O ciúmes patológico é uma das principais causas de agressões em relacionamentos abusivos. Este sentimento tem origem no próprio indivíduo que o sente e é associado à agressão, pois, na tentativa de manter sua parceira sob seu controle e vigia, ele acaba recorrendo à agressão, tirando a liberdade da vítima e causando danos psicológicos e/ou físicos, podendo culminar até mesmo na morte da mesma. 

Referências

Autoras:
ANDRESA BEATRIZ MEURER - Discente do 3º ano de Psicologia, PIC/UNIPAR
BRUNA ELOIZA BERTUOL - Discente do 1º ano de Psicologia PIC/UNIPAR
EDUARDA NUNES CREPALDI - Discente do 2º ano de Psicologia PIC/UNIPAR
PATRICIA CRISTINA NOVAKI AOYAMA – Orientadora Docente de Psicologia PIC/UNIPAR
O artigo é de responsabilidade das autoras.


Comentários

  1. Esse é um assunto muito importante, diante de tantas mudanças que estamos vivendo acho que a violência contra a a mulher tem que ser mais discutida afim de se evitar tantas mortes por feminicídio

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

FRAGMENTADO - UMA ANÁLISE PSICOLÓGICA

RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME “QUE HORAS ELA VOLTA” NUMA PERSPECTIVA DA ANÁLISE INTERSECCIONAL E OS SEUS DIFERENTES MARCADORES SOCIAIS QUE CONSTITUEM A PRODUÇÃO DA SUBJETIVIDADE.

O Quarto de Jack - Análise na perspectiva da teoria Histórico-Cultural