B. F. Skinner e o conceito de GRUPO


BIOGRAFIA:
Burrhus Frederic Skinner nasceu no dia 20 de Março de 1904, em Susquehanna no Estado da Pensilvânia, formou-se em literatura no Hamilton College, logo após, tornou-se escritor, porém, frustrou-se com a profissão. Depois de ler alguns livros sobre Russel e Watson, Skinner começou a se interessar sobre o comportamentalismo e decidiu cursar doutorado em filosofia na Universidade Harvard. De acordo com Smith (2010), o que mais o instigou foi o pensamento de que um melhor conhecimento sobre a conduta humana poderia ajudar a superar os problemas, considerando que estavam passando por um período pós-guerra. Cresceu em um período marcado por um grande controle social, na qual sua família era religiosa. O desejo por desafios e independência intelectual o motivou a ir para uma faculdade, na qual se formou no ano de 1926, após sua formação, mestrou-se em 1930 e doutorou-se em 1931. O mesmo transferiu-se para a Universidade de Minnesota, onde lecionou até 1945. Skinner se refere a esse período como uma época de isolamento acadêmico devido a sua recepção negativa de suas primeiras formulações.
Skinner sempre propôs muitas ideias as quais se manifestavam de modo concreto, prático e técnico. Em 1938, escreveu seu primeiro livro “O comportamento dos organismos” no qual falava sobre uma psicologia de todos os organismos e buscava tipificar toda conduta voluntária conforme os limites do comportamento. Esse livro apresenta uma síntese das suas pesquisas de doutorado e pós-doutorado em Harvard, apontando alguns princípios cruciais que embasaram o behaviorismo radical. Foi um teórico crítico e polêmico para a Psicologia, não poupou-se de criticar as outras teorias defendendo sua argumentação a favor do condicionamento operante, opondo-se às explicações mentalistas sobre a causa de qualquer comportamento.
O mesmo manteve-se produtivo durante a vida inteira, na qual nos seus últimos anos de vida construiu um dos principais e mais conhecidos inventos a Caixa de Skinner, também conhecida como câmara de condicionamento operante. Na noite anterior a sua morte, estava trabalhando em seu artigo final “Pode a Psicologia ser uma ciência da mente?”, outra crítica ao movimento cognitivo. Skinner faleceu em 18 de agosto de 1990, aos oitenta e seis anos.
HISTÓRIA DO BEHAVIORISMO
De acordo com Freire (1997), o Behaviorismo, ou psicologia do comportamento, nasceu com Watson nos Estados Unidos e teve como precursor Edward L. Thorndike por causa de seus estudos referentes a conduta animal. Dessa maneira, as referências de ciência que inicialmente influenciaram Skinner são aquelas associadas à Física no final do século XIX e início do século XX. Assim como, as críticas que, nessa época, levantavam-se contra o modelo mecanicista fundado na Física Newtoniana (Micheletto, 2001 apud Sampaio, 2005). Essa teoria recebeu, também, influência do hedonismo, da teoria darwiniana e dos reflexologistas russos, sobretudo Pavlov com sua pesquisa sobre reflexo condicionado.
Assim sendo, sabe-se que o Behaviorismo (dos reflexologistas russos) defende uma só forma de ação, a mecânica e que, segundo Sampaio (2005), o modelo mecanicista explicava os eventos no mundo em termos da ação causal de forças diversas, no tempo e no espaço sobre a matéria, ou seja, cada coisa se moveria devido à interação mecânica com outras coisas, todas sujeitas a um conjunto de forças. Ainda de acordo com esse autor, neste modelo, considerava-se que a realidade possuísse existência independente do sujeito que a experiência e o princípio de explicação dessa realidade deveria ser sempre baseado em um mecanismo.
Dessa maneira, vale salientar que o Behaviorismo teve muitos seguidores, como por exemplo: Floyd Allport, Albert Weis, Gagné, Skinner, entre outros, todos de extrema importância para a psicologia, no entanto, neste trabalho, falaremos mais sobre a teoria do Behaviorista Skinner e sua compreensão a respeito de Grupoterapia.
TEORIA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Apesar de basear-se na filosofia Behaviorista de Watson, Skinner lança reflexões e contradições referentes ao Behaviorismo metodológico, uma vez que a de Watson exclui os acontecimentos internos, como sentimentos, por exemplo. De acordo com Moreira e Medeiros (2007), o Behaviorismo radical adota uma linha de pensamento diferente, pois não nega a possibilidade de autoconhecimento, auto-observação muito menos a sua possível utilidade, porém questiona aquilo que é sentido. Dessa maneira, pode-se perceber que Skinner não nega os eventos internos, mas sim o fato destes serem motivos de comportamentos.
Com efeito, Skinner defende o Behaviorismo radical, dizendo que este representa negar radicalmente a causalidade mental, assim como, seria radical por buscar a gênese do comportamento nas profundidades de sua interação com o ambiente, afirmam Moreira e Medeiros (2007). Assim sendo, Freire (1997) salienta que Skinner baseou-se em torno do comportamento operante, ou seja, pode-se controlar o comportamento de acordo com suas consequências, bem como que esses comportamentos podem ser previsíveis e controlados na presença de reforço.
A partir destas percepções que acabaram por levar à construção de conceitos teóricos, interpretativos ou até metafísicos na procura por tais elucidações sempre baseadas em mecanismos. Além de que a sua concepção de Psicologia, de estudo do comportamento, era muito equivalente àquela proposta por Watson em seu famoso artigo de 1913: “Segundo o ponto de vista comportamentalista, a Psicologia é um ramo puramente objetivo e experimental da ciência natural. Seu objetivo teórico é a predição e o controle do comportamento.” (Skinner, 1989/1995, p. 165 apud Sampaio, 2005). Contudo, salienta-se ainda que há diferenças entre Behaviorismo (filosofia) e Análise do Comportamento (ciência/abordagem), ficando mais explícita na fala de Skinner (1982) que diz: Behaviorismo não é a ciência do comportamento humano, mas sim, a filosofia dessa ciência (p. 7).
Em suma, Skinner respondeu à muitas questões dos seres humanos com seus conceitos de contingência de reforço (contínuo e intermitente), punição, extinção operante, modelagem, estímulos discriminativos (SD) e estímulo delta (S🔼), fuga e esquiva, etc. Enfim, apesar de serem muitos os termos e suas definições, todos buscam a compreensão do ser humano e suas vivências e como isso tudo afeta o indivíduo e como este se comporta.
COMPREENSÃO DO AUTOR SOBRE O FENÔMENO GRUPO
Sampaio e Andery (2010) afirmam que a compreensão do comportamento humano só é possível por meio da análise das interações da pessoa e ambiente, neste sentido, se a maior parte do ambiente humano tem em sua composição a ações de outros indivíduos, logo, homens e mulheres também determinam a maior parte do comportamento humano. Os autores utilizam os fenômenos sociais como uma variável para o comportamento do sujeito, e argumentam que este termo se refere a fatos ou eventos que envolvem comportamentos de diversas pessoas ao agirem em conjunto.
De acordo com Skinner (2003) mesmo quando se refere a um “pensamento em grupo”, “caráter nacional” ou “o instinto do rebanho”, quem está se comportando é um indivíduo, neste sentido, cabe dizer que o problema é explicar porque diversos indivíduos juntos se comportam de determinada maneira. O autor ainda faz importantes considerações a respeito sobre o comportamento de grupo
Por que o jovem se junta a uma turma? Por que o homem entra para um clube ou se reúne a um bando para linchar alguém? Podemos responder a questões deste tipo examinando as variáveis, geradas pelo grupo, que encorajam o comportamento de reunião e conformação. Não se pode fazê-lo simplesmente dizendo que dois indivíduos se comportarão juntos cooperando, se for “de seu interesse comum assim fazer”. Deve-se mostrar as variáveis específicas que afetam o comportamento de cada um (SKINNER, 2003, p.340).
A análise da imitação permite um progresso referente a explicação sobre a participação em grupos, uma vez que ao se comportar como os demais, utilizar expressões que já foram usadas e evitar de citar termos estranhos, o indivíduo aumenta a probabilidade de obter reforço positivo ou diminuir as consequências aversivas (Skinner, 2003).
Skinner (2003) aponta que “o grupo age como uma unidade na medida em que seus membros são afetados do mesmo modo pelo indivíduo”. O autor ainda afirma que não é necessária uma grande organização, entretanto, esta organização torna-se desenvolvida. Assim, os procedimentos utilizados para controlar ganham uma uniformidade que se origina da coerção e leva o sujeito a fazer parte das ações do grupo e da forma como ocorre a transmissão por diversas gerações. A respeito das formas de controle, o autor destaca que:
A principal técnica empregada no controle do indivíduo por qualquer grupo de pessoas que viveram juntas por um período de tempo suficiente é a seguinte: O comportamento do indivíduo é classificado como “bom” ou “mau”, ou, com o mesmo efeito, “certo” ou “errado”, e reforçado ou punido de acordo com isso. Não precisamos procurar muito por uma definição desses termos controversos. Geralmente se denomina o comportamento de um indivíduo bom ou certo na medida em que reforça outros membros do grupo, e mau ou errado na medida em que é aversivo (SKINNER, 2003, p.353).
Porém, falhas na estrutura do grupo podem comprometer esta classificação, pois uma mesma ação pode levar a diferentes efeitos nos participantes do grupo e por isto, alguns podem definir como “bom” ou “mau” este mesmo ato, desta maneira ocorrem subdivisões dentro do grupo que podem disputar o seu controle (Skinner, 2003). Considerando que os grupos não se consolidam em sua organização e nem em seus procedimentos, Skinner (2003) aponta que dentro destes grupos existem agências controladoras que são responsáveis por algumas variáveis e se caracterizam por ser mais organizadas e por operarem de forma mais satisfatória perante ao grupo. Em seu livro “Ciência e Comportamento humano” Skinner (2003) destaca algumas agências controladoras como governo, religião, psicoterapia, economia e educação.
PRINCIPAIS CONCEITOS PARA A COMPREENSÃO DO TRABALHO COM GRUPO
A terapia em grupo pode ter os mesmos benefícios de uma terapia individual e desta forma promovendo uma relação social e assim promovendo mudanças de comportamento dos integrantes e adquirindo novos comportamentos e os ajudando fazer uma análise de suas atitudes para que assim consigam lidar com as situações que surgirem.
Mas para compreender como o grupo surge podemos destacar que primeiramente é necessário observar se o grupo vai ser aberto ou fechado, como também qual vai ser o número de participantes, se vai ser homogêneo ou heterogêneo tendo também o mesmo objetivo, conduzir os integrantes a elaborarem a regra do grupo para que assim tenham uma convivência mais harmoniosa.
O dever do psicólogo é de observar o grupo como um todo, mas ao mesmo tempo perceber cada integrante individualmente nas suas expressões não-verbais e verbais. Assim ouvindo o que cada um vai falando e como ele irá conduzir o grupo para que não haja atritos, escrever suas observações e o pensar de cada pessoa.
O psicólogo precisa também elaborar atividades que possam aproximar os integrantes e fazer eles pensar nas coisas que estão a sua volta e nas suas atitudes para que assim, mesmo que eles não estejam reunidos pessoalmente possam lembrar do que eles aprenderam e desta forma os transformando.
Referências:
FEITOSA, J.K.C.; Feitosa, A.N.C.; Oliveira, A.M. Psicoterapia Analítico-comportamental. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Set-Out de 2016, vol.10, n.31, Supl 2, p. 202-235. ISSN 1981-1179. Acesso em: 22 out. 2018
FREIRE, I. R. Raízes da psicologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997
KOHN, Alfie. Punidos pelas recompensas. São Paulo: Atlas, 1998.
MOREIRA, M. B. MEDEIROS, C. A. de. Princípios básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007.
SAMPAIO, A. A. S.; ANDERY, M. A. P. A. Comportamento Social, Produção Agregada e Prática Cultural: Uma Análise Comportamental de Fenômenos Sociais. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Jan-Mar 2010, Vol. 26 n. 1, p. 183-192. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n1/a20v26n1> Acesso em: 27 out. 2018.
SAMPAIO, A. A. S. Skinner: sobre a ciência e comportamento humano. Psicol. cienc. prof. vol. 25. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932005000300004> Acesso em: 22 out.18.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano. tradução João Carlos Todorov, Rodolfo Azzi. 11ªed. - São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SKINNER, B.F.(1982). SObre o Behaviorismo. Tradução de MAria da Penha VIllalobos. São Paulo: Cultrix/EDUSP. Trabalho original publicado em 1974.
SMITH, L. Frederic Skinner. Recife-PE: Fundação Joaquim Nabuco, Ed. Massangana, 2010. 164 p.
MORAES SIMONE, Terapia Analítico-Comportamental Infantil em Grupo aplicada a Crianças com Dificuldades de Aprendizagem. Disponivel em: <https://ibac.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Monografia-Simone1.pdf> Acesso em: 29 out 18.

Autoras são acadêmicas da 3ª Serie  Curso de Psicologia – UNIPAR – Universidade Paranaense - Campus Cascavel/PR
Andresa Beatriz Meurer 
Andressa Gomes

Any Aires 
Bruna Klein 
Camila Klein 
Carla Gomes 
Gabriela Surdi 
Grazieli Maria da Silva
Julia Maffesoni 
Kettlyn Souza 
Artigo de responsabilidade das autoras.




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