CLIMA ORGANIZACIONAL COMO FATOR CONTRIBUITIVO PARA A MOTIVAÇÃO E A SATISFAÇÃO NO TRABALHO
O
presente artigo aborda sobre
a
Psicologia Organizacional explanando
a
preocupação e a perspectiva que as
organizações têm em
relação aos
seus colaboradores sobre seu ambiente ocupacional e como esta o
afeta em sua produtividade, eficiência e
principalmente a saúde mental.
O artigo possui natureza de caráter explicativo e seu método de
análise é o estudo bibliográfico.
INTRODUÇÃO
De
acordo com Rizzatti (2002), os primeiros estudos sobre Clima
Organizacional apontaram no início dos anos sessenta nos Estados
Unidos, a partir dos trabalhos de Forehand e Gilmer sobre
comportamento organizacional, dentro da teoria behaviorista de
administração, que entendia a humanização do trabalho com as
melhorias na produção. Desde então, as organizações têm se
preocupado com a subjetividade de seus colaboradores sobre seu
ambiente ocupacional e como está impacta em sua produtividade e
eficiência não só nas funções de seu trabalho, mas, na
instituição como um todo.
A
partir da década de 90 percebe-se que na literatura, um aumento
significativo da competitividade, que junto a uma busca incansável
pela sobrevivência organizacional, tem cobrado das organizações a
ampliação da sua capacidade de adaptação para atender de forma
plena as mudanças do mercado. Estes acontecimentos mostra a
necessidade de fazer a leitura de como os gestores e os funcionários
de uma organização percebem as constantes mudanças que ocorrem ao
nível dos ambientes externos e internos da própria organização, e
como afetam a elas. Investigar fatores ambientais determinantes para
o desempenho das empresas, valendo-se, dentre outras, da ferramenta
do Clima Organizacional, a qual permite verificar os índices de
satisfação dos funcionários com relação às políticas e
práticas vigentes em uma empresa. Essa ferramenta permite esclarecer
questões importantes referentes ao funcionamento da organização,
uma vez que encontram dificuldades em corrigir falhas e propor
mudanças que melhorem o ambiente de trabalho dos colaboradores.
Segundo
Luz (1995) conflitos como a comunicação equivocada, relacionamento
interpessoais, política ineficaz de gestão, normas rigorosas e
inflexíveis, precárias condições de trabalho, falta de
comprometimento das pessoas, falta de estrutura para realização das
atividades e competitividade interna são fatores que geram
insatisfação nas pessoas. Assim, a importância de se efetivar uma
pesquisa de Clima Organizacional para averiguar se determinados
problemas estão acontecendo ou não na organização, influencia
diretamente na satisfação dos colaboradores e na motivação para
que eles alcancem as metas organizacionais, pois por intermédio de
seus resultados, pode-se tomar as providências cabíveis para
estabelecer melhorias e atingir êxito.
Tendo
o objetivo de refletir sobre as relações pessoais que se aproximam
por contingências da vida, e que estabelecem afinidades eletivas nas
organizações, os quais têm interesses comuns e um cotidiano
partilhado, que são capazes de constituir proteção e promoção de
saúde. O fortalecimento de vínculo, a empatia, as relações
sociais, o autoconhecimento e o exercício da autonomia, são
movimentos sempre positivos, pois, quando algo rompe estes laços, as
pessoas não se reconhecem mais como afetivas. Os elementos que
fortalecem os laços são o gostar e apreciar o outro, afinidades e
interesses e o prazer de gostar e de ser gostado, admirar e ser
admirado por outro o respeito, ou seja, um conjunto de evidências de
reciprocidade. Reconhecer e valorizar as relações interpessoais em
situações de vulnerabilidade pode ser uma oportunidade de redução
de risco e ampliação de proteção da saúde mental, ofertando um
clima organizacional humanizado.
Instrumentalizado
pela
prática na teoria e abordagem Fenomenológico-Existencial, a
qual conduz
um olhar
na valorização do ser humano como um sujeito determinante no seu
mundo de experiência, me
permitiu pelo
método olhar para o sujeito
como pessoa singular em relação à experiência vivida e não, como
objetos a serem estudados. Conforme afirma Moreira (2004) a
fenomenologia relaciona o estudo do fenômeno, daquilo que se
apresenta ou se revela por si mesmo. Sendo assim, a prática
fenomenológica, é uma averiguação da natureza em que a palavra é
mais importante do que o número, na qual o foco está no clareamento
do fenômeno, na construção da compreensão de algo e não na sua
verificação.
CLIMA
ORGANIZACIONAL
O
Clima Organizacional é primordial para um bom desenvolvimento das
atividades nas organizações. Para Toro (1992), ele pode ser
compreendido como a percepção ou representação que as pessoas têm
da sua realidade laboral. Essa percepção está estruturada ou se
modifica a partir das experiências pessoais, da influência de
outros elementos significativos no trabalho e de expectativas
próprias e dos outros. Conhecendo o Clima Organizacional é
possível mostrar a percepção das pessoas em relação às
organizações nas quais trabalham. De acordo com Coda (1998) o Clima
Organizacional é um indicador do nível de satisfação dos membros
de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou
realidade aparente da organização, tais como políticas de Recursos
Humanos, modelo de gestão, missão da empresa, processo de
comunicação, valorização profissional e identificação das
pessoas que integram a empresa. O clima é tido como um fenômeno de
comportamento relacionado com o desempenho e os resultados obtidos
nas organizações, identificando o grau de satisfação dos
indivíduos com as tarefas que efetuam e com o ambiente de trabalho
em si.
Araujo
e Garcia (2009) afirmam que os colaboradores que integram a
organização contribuem para a instalação de um Clima
Organizacional favorável que conduz a resultados, pois é por meio
da presença de um clima saudável que se pode trabalhar a eficiência
e eficácia da organização, ou seja, para que as organizações
conquistem os seus objetivos elas precisam contar com funcionários
satisfeitos e motivados, pois são eles que fazem com que tudo
aconteça.
CLIMA
ORGANIZACIONAL X CULTURA ORGANIZACIONAL
A
Cultura de uma organização por vezes é confundida com elementos do
Clima Organizacional, e embora ambos se completem é importante
mostrar a distinção de seus significados. Vásquez (1996), Embora a
grande proximidade entre os conceitos, pontua que a cultura poderia
enfatizar o clima, na medida em que este seria gerado pelo impacto
daquela sobre o ambiente do trabalho. Assim, a cultura seria um
construto minucioso ao alcance do clima. O clima teria a
potencialidade de viabilizar uma ciência integrada da conduta
organizacional, possibilitando não apenas a interpretação da
situação, mas também apoiando as intervenções. A cultura de uma
organização é um fator determinante do tipo de clima que nela
existe, pois compreende um conjunto de propriedades do ambiente de
trabalho percebidas pelos empregados, constituindo-se numa das forças
importantes que influenciam o comportamento. Portanto, o Clima
Organizacional influencia e é influenciado pelo comportamento dos
indivíduos na organização, no seu desempenho, motivação e
satisfação no trabalho. Nota-se, que a Cultura Organizacional pode
passar por mudanças ao longo do tempo, mesmo que a organização
resista a elas.
Para
Robbins (2002, p.503) a Cultura Organizacional tem por finalidade dar
uma direção, uma identidade para a empresa, verbalizando que a
cultura “é a argamassa social que ajuda a manter a organização
coesa, fornecendo os padrões adequados para aquilo que os
funcionários vão fazer ou dizer”. Sendo assim, a cultura de uma
organização transpõe a identidade da mesma. Ela é aprendida,
transmitida, compartilhada e construída ao longo do tempo servindo
de chave para diferenciar vários grupos. O Clima Organizacional, tem
o intuito de fazer o levantamento do ambiente interno que pode variar
segundo a motivação de seus integrantes.
ASPECTOS
DE MOTIVAÇÃO
Conforme
Bergamini (1997, p. 30), “a motivação pode ser caracterizada como
um processo intrínseco ao indivíduo, que o impulsiona, que o leva a
atuar, a comportar-se de determinada maneira em direção ao mundo
exterior”. Na mesma perspectiva de pensamento encontra-se Santos
(2004) que mostra em seus estudos informações que indicam a
motivação como fator essencial para que o funcionário se dedique
ao trabalho. Conforme o autor, esta motivação para o trabalho está
exclusivamente relacionada com o indivíduo, a organização, o
ambiente interno e externo. Existem dois grandes conjuntos de teorias
motivacionais.
O
primeiro compreende as teorias relacionadas com aspectos motivadores
do trabalho, denominadas por Katzell e Thompson (1990) como teorias
exógenas. Estas teorias focalizam aspectos do trabalho relevantes
para valorizar e estimular a pessoa no trabalho. Obviamente, estes
fatores podem ser modificados pela organização por meio das suas
estratégias de gestão. O segundo grupo compreende as teorias
relacionadas com as motivações pessoais. São as chamadas teorias
endógenas que, segundo Katzell e Thompson (1990), exploram os
processos ou variáveis mediadoras do comportamento motivado.
Campbell
et al. (1970) propuseram uma classificação das teorias deste grupo,
utilizando como critérios o conteúdo e o processo da motivação.
As teorias centradas no conteúdo tratam de identificar construtos
fundamentais que motivam a atividade humana e, em consequência, a
atividade laboral. Várias teorias explicativas surgiram a respeito
da motivação, dentre elas as de maior relevância são a Teoria da
Hierarquia das Necessidades de Maslow (1971) e a Teoria dos Dois
Fatores de Herzberg (1997). Na primeira, Maslow afirma que existe uma
hierarquia das necessidades, compostas pelas necessidades
fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização
e que se alguma das necessidades da base não fossem atingidas não
se poderia chegar ao topo da pirâmide e mesmo que este fosse
alcançado, no momento em que uma das necessidades abaixo deixasse de
ser atendida voltaria aquele ponto. Na segunda, os dois fatores se
configuravam em higiênicos, que são inerentes ao ambiente e fatores
motivacionais que seriam inerentes a cada indivíduo.
SATISFAÇÃO
NO TRABALHO
A
satisfação com o ambiente de trabalho pode ser compreendido como a
atitude geral de uma pessoa em relação ao trabalho que efetua.
Geralmente, uma pessoa que tem alto nível de satisfação com seu
trabalho demonstra elementos positivos em relação a ele, enquanto
aquela que possui insatisfação apresenta atitudes negativas
(ROBBINS, 2002).
Caldeira
(2003) avalia que a satisfação é um fenômeno geral da pessoa face
ao seu trabalho. Para o autor a satisfação engloba as atividades
desempenhadas, a interação entre colegas e superiores hierárquicos,
o seguimento de determinadas regras, normas e políticas
organizacionais, o alcance de objetivos e as condições de trabalho.
Ainda segundo ele, os motivos da satisfação no trabalho estão
divididas em duas grandes categorias: as determinantes
organizacionais, isto é, as que se relacionam com a organização e
o desempenho no trabalho; e as determinantes pessoais, isto é, as
que se relacionam com as características pessoais dos próprios
trabalhadores.
Para
Srikonda (1999), é importante a empresa aderir a responsabilidade de
auxiliar os seus empregados a crescer, buscando também a satisfação
dos mesmos, posto que, altos níveis de satisfação foram
relacionados a benefícios e compensação satisfatória, atmosfera
prazerosa, autonomia para tomada de decisões e possibilidades de
treinamento e desenvolvimento de carreira.
A
insatisfação no trabalho pode desenvolver consequências como o
absenteísmo e a rotatividade. Os trabalhadores mais satisfeitos com
seus empregos tendem a ter melhor registro de presença e estão
menos propícios a faltar por motivos não-explicados que os
insatisfeitos. Do mesmo modo que os trabalhadores insatisfeitos têm
mais probabilidade de se demitir que o satisfeito. (SCHERMERHORN,
HUNT, OSBORN, 1999)
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São Paulo:
Pioneira Thomson, 2004.
Autor: Sidnei de Oliveira
Acadêmico da 4 série do curso de Psicologia - Unipar/Campus-Cascavel
Estagiário da equipe AMPLIAR
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