OS SONHOS E A SAÚDE MENTAL

Neste
mês de janeiro somos especialmente convidados a pensar como anda
nossa saúde mental. Quando falamos ou ouvimos a expressão “saúde
mental”, o que nos vêm à mente? Provavelmente, logo pensamos nas
doenças mentais sobre as quais cotidianamente nos chegam informações
através das redes sociais, TV e outras tantas vias: ouvimos falar de
ansiedade, depressão, crises de pânico, bipolaridade, e assim vai.
Ou talvez esteja muito perto de nós, algum amigo ou familiar em
sofrimento psíquico; ou pode ser que sejamos nós mesmos passando
por uma crise, um conflito, um sofrimento pessoal.
A
saúde mental diz da forma como lidamos com a vida. Da nossa
capacidade de adaptação aos altos e baixos da vida; de termos jogo
de cintura, capacidade de reflexão e equilíbrio para encontrar
soluções aos problemas que se apresentam. A consciência e a
atitude do indivíduo frente as questões da vida podem influenciar
sua saúde ou seu adoecimento.
Para
isto, portanto, é preciso conhecer-se: como eu ajo e reajo diante
dos desafios que surgem em meu caminho no dia a dia? Sinto-me
afetada(o) em muitas situações?
Assim
voltamos à nossa questão inicial: o que dizem os nossos sonhos,
aqueles que sonhamos dormindo, sobre nossa saúde como um todo,
especialmente a saúde mental? Sonhos são um ótimo indício para
percebermos como está nosso mundo interior que, por conseguinte,
reflete nosso mundo exterior, e vice-versa.
Na
estrutura psíquica concebida por Carl Gustav Jung (1875-1961),
psicólogo e psiquiatra suíço, criador da Psicologia Analítica, o
inconsciente tem grande valor e os sonhos também! Segundo Jung
(2013a), inconsciente “é um conceito psicológico que abrange
todos os conteúdos ou processos psíquicos que não são
conscientes” ao sujeito. No que se refere aos sonhos, Jung (2013b)
esclarece que “o sonho é, por assim dizer, um produto puro do
inconsciente”. Puro, porque os conteúdos dos sonhos emergem do
inconsciente sem qualquer influência do ego, muito pelo contrário:
os sonhos, na compreensão de Jung, vêm chamar a atenção do ego
para algo que precisa ser olhado naquele momento na vida do sonhador.
Vêm chamar o ego à consciência! Por este motivo o trabalho com os
sonhos têm um efeito muito positivo para a psique, pois a
consciência está valorizando o que seu inconsciente lhe apresenta,
mesmo que não compreenda naquele momento.
Muitas
pessoas relatam que têm pesadelos, ou que acordam com sensação de
medo, apreensão, angústia, entre outros, após um sonho do qual não
se recordam. Estes aspectos podem dizer da saúde mental do
indivíduo, pois a linguagem dos sonhos é simbólica.
O
olhar da Psicologia Analítica para os sonhos perscruta sua origem,
suas causas, mas, principalmente, a finalidade. Sim! Para Jung
(2013b), as imagens simbólicas dos sonhos têm um “para quê”,
uma finalidade, relacionada ao caminho de individuação do sonhador.
Jung enfatiza que não é o psicoterapeuta que interpreta o sonho do
paciente, mas o auxilia na ampliação do sonho e compreensão do seu
sentido.
Por
este motivo é muito bom termos um caderno ou diário de sonhos.
Anotá-los diariamente com riqueza de detalhes. Com o tempo
percebemos se há sonhos recorrentes ou temas que se repetem. Mesmo
que não se compreenda o sentido do sonho – os chamados “grandes
sonhos” levam anos para elaboração e compreensão – só o fato
de anotá-los já tem um efeito terapêutico, pois o sujeito está
valorizando sua vida interior, o seu inconsciente. O olhar para a
vida interior expressa na linguagem simbólica dos sonhos pode
favorecer o autoconhecimento.
Para
aqueles que, porventura, digam: “eu não sonho” ou “nunca
lembro meus sonhos”, deixo uma dica: faça seu caderno de sonhos,
anote a data e algo como “não sonhei” ou “não recordo”.
Provavelmente muito em breve terá sonhos a relatar.
Em
todos os casos, obviamente, sempre é oportuno conversar sobre os
sonhos com seu psicoterapeuta. Buscar ajuda profissional, reconhecer
que necessita de ajuda e saber onde encontrá-la, é indício de
saúde mental.
Vamos
ampliar este Janeiro Branco para os 365 dias do ano?
Referências:
JUNG,
C. G. A natureza da psique. O.C. v. 8/2. Petrópolis: Vozes, 2013b.

Psicóloga Clínica de Orientação Junguiana - CRP-08/26098
Teóloga
Esp. em Ensino religioso
Esp. em Psicologia Analítica
Formação em Imaginação Ativa (cursando)
Parceira da AMPLIAR
Artigo de total responsabilidade da autora.
Artigo de total responsabilidade da autora.
Comentários
Postar um comentário