As Sufragistas – Uma Análise Psicológica


Você já assistiu ao filme “as Sufragistas”? Hoje 08 de março de 2019, escolhi este filme pra gente conversar! Neste longo, a trama mostra a luta, a dor e o companheirismo das mulheres que se uniram para garantir que nós, mulheres de hoje, pudéssemos exercer a nossa cidadania e direito de voto.
O filme se passa no ano de 1912, um pouco antes de deflagrar a Primeira Guerra Mundial. O caos nas fábricas e lavanderias, e as péssimas condições de trabalho é o cenário para a luta de um grupo de mulheres que se opunham à maneira como eram tratadas naquela sociedade.
O enredo foca na onda revolucionária que estava tomando conta das mulheres na época, submetidas a uma carga horária insana de 16 horas de trabalho, abusadas fisicamente, sexualmente, assediadas moralmente e sem nenhum direito a que pudessem recorrer.
Sufrágio, segundo o dicionário refere-se ao processo de escolha por votação; eleição. As sufragistas, portanto, compunham este movimento social, político e econômico de reforma, com o objetivo de estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres.
Vamos agora analisar a personagem Maud Watts, uma das protagonistas que trabalhava em uma lavanderia junto com outras mulheres. No decorrer do filme ela conhece Violet que a apresenta ao grupo das sufragistas e é a partir deste encontro que ela decide mudar e vai se abrindo para uma nova realidade. Começa a perceber e assumir as suas dificuldades como mulher, esposa, mãe e trabalhadora e ao se empoderar percebe que pode construir um futuro diferente, e tem esperança de que seja melhor.
A tomada de consciência se deu ao refletir que se ela tivesse um outro filho e se este filho fosse uma menina viveria exatamente da mesma forma e passaria por muito sofrimento ou pelo menos por toda a realidade que as mulheres do seu tempo passavam. Decide então se juntar ao grupo das sufragistas e lutar pelos direitos das mulheres.
Contudo, esta postura não foi aprovada por seu marido. E é exatamente quando ela começa a se mostrar, não mais passiva e submissa, mas autêntica e se fazendo livre é que as consequências dolorosas lhe chegam. Seu marido a expulsa de casa e ela não tem o direito de ficar com o filho. Esta morte simbólica, a violência patrimonial de perder o direito da sua casa só se torna pior quando seu filho é entregue para a adoção.
Na trajetória desta personagem muita dor e sofrimento são percebidos, a morte de sua mãe quando Maud ainda era uma criança, o trabalho forçado a que foi submetida, violência sexual por parte do seu patrão. E quando ela decide não ser vítima, mas construir uma história diferente ela continua a sofrer, e sofre muito, a diferença está na autenticidade, na responsabilidade pela angústia e pela consequência de seus atos. Como afirma o filósofo Sartre, a escolha da vivência da angústia de forma vitimista sem uma consciência reflexiva é um comportamento de ura má-fé. E o que a personagem conseguiu fazer foi assumir suas escolhas de maneira autentica e livre.
Ter consciência do que se passa, a vida, as escolhas nunca serão fáceis, mas a alegria de viver e morrer por aquilo que se escolheu é magnífico!

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Autora: Monique Farber - Psicóloga CRP 08/12651

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