UMA CLÍNICA DE INSPIRAÇÃO SARTRIANA – UMA PERSPECTIVA NA PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL
O
presente artigo objetiva ampliar o âmbito preciso em que se
constituem a visão de homem nas considerações de Jean-Paul Sartre,
Paulo Perdigão e Tereza Erthal para o universo da psicologia na
abordagem da Fenomenologia Existencial, assim como, as possibilidades
de uma clínica inspirada nesta perspectiva. É primordial considerar
estas demarcações, rompendo incompreensões e, apropriando uma
atitude cuidadosa e reflexível, sobretudo na busca por obter
consequências para a ideia de uma prática atuante em Sartre. Com
efeito, o artigo parte de uma perspectiva sartriana que
só pode ser constituída através da exploração do método de
investigação, sendo o relacionamento entre descoberta e legados que
Sartre registrou na forma de uma psicologia fenomenológica original
compreendendo o sujeito e os processos pelos quais ele se constitui
para a base da ciência psicológica. A perspectiva sartriana
enriquece a Psicologia, pois, ao ignorar o reducionismos, oferta uma
concepção que não dicotomiza o fenômeno da
objetificação-subjetificação, concebendo o sujeito na relação
dialética entre a objetividade e a subjetividade. Sartre além de
propor elementos para compreender o corpo, consciência e mundo como
uma realidade humana e histórica, também clarifica como o sujeito,
ao ser forjado na intersubjetividade, efetiva a sua história pessoal
e coletiva.
SUJEITO,
SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE NO EXISTENCIALISMO DE SARTRE
Com
o artigo,
pretendo contribuir trazendo elementos para a compreensão do
sujeito. Para tanto, nos fundamentamos no existencialismo de
Jean-Paul Sartre (1905–1980), o qual o pensamento sartriano traz a
compreensão que devemos, antes, esclarecer as duas regiões
ontológicas, abordadas por ele em sua obra “O Ser e o Nada”:
Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Nesta obra, Sartre explana sua
apreensão da realidade, dividindo-a em dois modos de ser: o
ser-em-si e o ser-para-si. O ser em-si fala a respeito da
objetividade, isto é, aos objetos visados pela consciência. É tudo
que não é a consciência. Sartre consolidou o ser em-si em três
características fundamentais: o ser é; o ser é o que é; e o ser é
em si. Assim, é um ser que é visto consigo mesmo, que é opaco,
maciço, acabado e indiferente a qualquer alteridade, um ser que “não
se coloca jamais como outro a não ser si mesmo; não pode manter
relação alguma com o outro (Sartre, 2011, p. 39).
O
ser para-si, diz respeito à consciência ou à subjetividade que,
numa perspectiva existencial sartriana, são a mesma coisa.
Baseado-se nas contribuições de Husserl, Sartre (2011)
enfatizou que a consciência é intencional e só pode ser concebida
como relação a algo que ela não é. Na perspectiva de Sartre:
“toda consciência, mostrou Husserl, é consciência de alguma
coisa. Significa que não há consciência que não seja
posicionamento de um objeto transcendente...” (p. 22). Assim, “se
a consciência nasce tendo por objeto um ser que ela não é” (p.
34), tal como mostrou Sartre, ela, ao contrário dos seres em-si, não
coincide consigo mesma e, portanto, está sempre em busca de um ser
que possa constituí-la, para, efetivar a coincidência consigo mesma
que ela almeja. Este ser que a consciência busca para completá-la
é, segundo Sartre (2011), o ser em-si. Todavia, nesta busca, a
consciência não visa a modificar-se em um simples em-si, haja vista
que não o teria como consciência, mas objetiva transformar-se em
um em-si-para-si: um ser consciente, mas com as características dos
seres em-si.
Schneider
(2002) afirma, Sartre foi contra as concepções racionalistas,
subjetivistas e deterministas que dominavam a ciência psicológica e
buscou confeccionar não apenas uma teoria, mas, também, uma
metodologia direcionada para o homem concreto, em constante relação
com a materialidade ao redor. Além de ter o homem como um ser
concreto e relacional, o existencialismo sartriano o concebe, também,
como um ser da história individual e coletiva. Sartre compreendia
que “subjetividade e sujeito são aspectos distintos” (Schneider,
2002, p. 204). Assim, o estudo da constituição do sujeito deva
agregar, também, a subjetividade, os quais não podem considerar que
os termos são sinônimos e, muito menos, reduzir o sujeito somente à
subjetiva. A subjetividade é tida como sinônimo de consciência e é
considerada em relação a algo que ela não é, não podemos ter a
subjetividade como uma entidade em si mesma ou como uma estrutura
mental.
Para
Sartre, “a subjetividade absoluta só pode se constituir frente a
algo revelado, a imanência não pode se definir exceto na captação
de algo transcendente” (p. 34). Sartre considera que a
subjetividade é sempre uma subjetividade objetivada. Assim, seria
insuficiente esclarecer a constituição do sujeito somente a partir
da subjetividade, visto que ela é apenas uma dimensão do sujeito,
assim como, a objetividade também o é. Numa perspectiva sartriana
percebe-se que a subjetividade é sinônima de consciência e de
para-si, enquanto o sujeito é uma síntese entre a subjetividade e a
objetividade. A subjetividade absoluta ou de puro objeto, visto que
cada ser humano, como sujeito, é composto por objetividade, mediada
pela subjetividade. Neste contexto, um fator significativo a ser
levado em consideração é o mundo.
O
homem necessita tanto de corpo, quanto de consciência para
estabelecer relações com o mundo, já que “o corpo é seu
primeiro contato com o mundo e a consciência é sua condição,
inevitável, de estabelecer relações” (Schneider, 2002, p. 180).
Sartre (2011) postulou que “o para-si deve ser todo inteiro
corpo e todo inteiro consciência ...” (p. 388). Isto quer dizer
que o para-si é um ser psicofísico por ser integralmente corpo e
consciência e que não há corpo sem consciência, nem, tampouco,
consciência sem corpo. O para-si vem ao mundo dotado de corpo e
consciência, isto é, com as condições para estabelecer relações,
ainda assim, não há garantia de instauração de uma realidade
humana, ou seja, somente o fato de ser corpo e consciência não
corresponde a sua constituição como sujeito. Desta forma, na
instauração da realidade humana, a construção de sua essência
não está definida, mas necessita ser construída durante sua
existência.
SER
PARA LIBERDADE
Sartre
afirma que o homem é o único ser no qual a existência precede a
essência. Assim, se, no reino material, a essência precede a
existência, isto é, se as coisas são, num primeiro momento,
idealizadas por um artífice, para, somente depois, virem a existir,
o homem é o ser que, primeiro, existe e, só posteriormente, durante
sua existência, constrói a sua essência a partir das relações
que estabelece com as coisas, com os outros homens no seu contexto
relacional. Com esta máxima de que a existência precede a essência,
descarta qualquer determinismo, bem como a concepção de uma
natureza humana, afirmando a plena liberdade do homem: ele é somente
aquilo que fizer de si mesmo, pois, “se toda a natureza é regida
pelo determinismo, ao homem, e só a ele, cabe o reino da liberdade”
(Perdigão, 1995, p. 86). É por este motivo que o filósofo afirmou
que “o para- -si é o ser que se define pela ação” (Sartre, 2011, p. 535).
Sartre
foi um dos filósofos que se debruçou sobre o tema da liberdade.
Contudo, convém destacar a diferença entre a liberdade defendida
pelo filósofo francês e a liberdade tal como é compreendida pelo
senso comum. Para o senso comum, liberdade é não encontrar
resistência ou oposição aos próprios projetos. Assim, para o
senso comum, ser livre é conseguir obter o que se quer o que faz com
que tal liberdade seja concebida como liberdade de obtenção. Sobre
tal questão, Sartre (2011) apontava o senso comum, com efeito.
O ser dito livre é aquele que pode realizar seus projetos. Mas, para
que o ato possa comportar uma realização, é preciso que a simples
projeção de um fim possível se distinga a priori da realização
desde fim. Se bastasse conceber para realizar, estaria eu mergulhado
em um mundo semelhante ao do sonho, no qual o possível não se
distingue de forma alguma do real.
A
liberdade sartriana apresenta-se concretamente, isto é, é definida
na realidade objetiva. Nota-se, então, que o conceito sartriano de
liberdade explana as resistências e as oposições que poderiam
limitá-la e, portanto, a liberdade não é de obtenção, mas de
eleição, tendo visto que se encontra fundamentada na autonomia de
escolha. Assim, diferente da forma como é compreendida pelo senso
comum, para Sartre, o êxito não importa em absoluto à liberdade.
Para o existencialismo sartriano, o homem é livre, sendo ele quem se
define a partir daquilo que fizer de si mesmo, ou seja, daquilo que
projeta no futuro, por meio de suas ações, de seus atos e de suas
escolhas. Portanto, suas escolhas não são efetivadas ao seu bem
prazer, pois a máxima sartriana de que a existência precede a
essência explana objeções no campo da moral e da ética, isto é,
no que se refere à responsabilidade das ações do sujeito.
A
responsabilidade não diz respeito somente aos aspectos individuais,
conforme Sartre afirma: Atinge também a esfera social, pois o mesmo
acreditava que, ao fazermos escolhas, desenhamos não apenas a
nossa história individual, mas, também, a coletiva, no ato em que
deixamos marcas na objetividade. Sartre enfatizava que, em todos
os nossos atos, criamos o homem que queremos ser. Estamos
criando, também, uma imagem do homem tal como julgamos que ele deva
ser e, assim, “tudo se passa como se a humanidade inteira
estivesse de olhos fixos em cada homem e se regrasse por suas
ações” (Sartre, 1987, p. 5).
PROJETO
ORIGINAL
Sartre
(2011) precisou romper com algumas concepções
tradicionais, dentre elas, a concepção tradicional do tempo, para
levantar a plena liberdade humana e defender que a ação do
homem não havia determinismos. Sendo de conhecimento expressivo da
grande maioria dos pensadores que compreenderem o tempo com um
fenômeno do mundo exterior, ou seja, como uma dimensão da
objetividade, repleta de uma linearidade sequencial embasada no
princípio de causa e efeito, em que o passado escreve o presente
e ele, por sua vez, determina o futuro. Diferente a estes
pensadores, Sartre (12011) compreendeu o tempo, não como uma
dimensão do em-si, ou seja, da objetividade, mas como uma dimensão
da realidade humana, isto é, do para-si, ou seja, da consciência.
Perdigão
(1995) neste contexto apontou que não é a consciência que
existe no tempo, mas é o tempo que existe na consciência. O
filósofo distancia-se da concepção linear de tempo e coloca que
passado, presente e futuro não são instantes divididas por
breves intervalos, mas estão conectadas, numa dinâmica temporal
inseparável, em que cada um deles encontra seu sentido nos demais.
Percebe-se,
então, que o futuro é a dimensão temporal que se baseia na maior
importância para a realidade humana, na medida em que o homem
vive, constantemente, em relação dos possíveis futuros, isto é,
está sempre além de si mesmo e do mundo, em caminho do porvir, a
fim de localizar seu complemento, ou seja, o que lhe falta.
Perdigão (1995) verbaliza:
(...)
sendo aquilo que ainda não sou o futuro representa bem aquilo que me
falta. Um ser cujo complemento se acha sempre mais além, o
Para-si, totalização-em-curso, tem no futuro o seu Ser faltante, a
sua totalidade. O futuro anuncia ao Para-si o preenchimento desta
falta, mostra-lhe a totalidade sempre inconclusa de seu Ser,
indica-lhe aquilo que pode ser e ainda não é. O futuro surge como
“aparição-à-distância” de seu Ser inteiramente acabado.
Encaro o futuro como se nele eu próprio me aguardasse sólido e
completo, absoluta totalidade (p. 75).
Sartre
(1960/1987) denominou de projeto o movimento do sujeito em estar
sempre além de si mesmo, lançado em direção ao futuro, a
procura de uma totalização, de uma definição de si mesmo. O
projeto é a “... superação subjetiva da objetividade em direção
à objetividade, tenso entre as condições objetivas do meio e
as estruturas objetivas do campo dos possíveis, representa em si
mesmo a unidade em movimento da subjetividade e da objetividade”
(p. 154). Pode-se conceber que o projeto faz a mediação entre duas
objetividades: o presente e o futura (Perdigão, 1995). Por meio
do projeto, refuta uma situação dada em função ainda inexistente.
Portanto, a práxis humana é concebida como negatividade e
positividade: Negatividade com relação às condições já
postas e positividade com relação ao ainda não existente, ao
futuro. A essência humana construída não é imutável, pois, a
qualquer momento, o homem pode mudar o seu projeto,
construir-se e constituir-se de uma maneira diferente. Nas
palavras de Sartre: “o homem caracteriza-se antes de tudo pela
superação de uma situação, pelo que ele chega a fazer daquilo que
se fez dele, mesmo que ele não se reconheça jamais em sua
objetivação” (Sartre, 1987, p. 151-152).
As
reflexões de Sartre podem agregar para uma compreensão mais
abrangente acerca do sofrimento psíquico, que pode ser concebido não
apenas como sofrimento exclusivamente íntimo e individual. A
perspectiva existencial sartriana tem a visão de homem como um ser
histórico-social, que se constitui a partir da relação
dialética entre a objetividade e a subjetividade no contexto
social, o sofrimento, como fator da realidade humana, deve conter,
também, a marca da intersubjetividade, da história e da sociedade.
Portanto, o homem se lança ao mundo como total indeterminação e,
somente a partir das relações do seu corpo e sua consciência
com o mundo, se constitui como sujeito específico em movimento.
Pode-se considerar que, ao nascer, o sujeito é incluso em um
determinado contexto histórico, social, cultural, político,
econômico e familiar que não foi por ele escolhido, já que é
fruto das objetivações deixadas pelas gerações passadas. A partir
do ato em que inicia a se relacionar com a objetividade que o
rodeia, ele efetiva o movimento de interiorização desta
exterioridade, isto é, subjetiva tal objetividade, tornando-se,
assim, um sujeito específico, com sua própria singularidade.
Todavia, não se deve cristalizar que o homem é um simples produto
das condições objetivas, pois, ao mesmo tempo em que
concretiza o movimento de interiorização da exterioridade, o homem
registra suas marcas na objetividade, construindo, assim, sua
história pessoal e coletiva. Sendo assim, a realidade objetiva
vivenciada pelo sujeito se torna subjetiva e, esta realidade
subjetiva, por sua vez, se objetiva por meio de seus atos e escolhas,
o que torna o homem um produto, mas também um produtor; constituído
e constituinte. É uma perspectiva que não busca compreender o homem
de maneira abstrata, mas em constante relação com os outros e
com a sua materialidade, ou seja, como liberdade, capaz de
superação da realidade objetiva.
O
MÉTODO: PSICANÁLISE EXISTENCIAL
Sartre
adota, sem reservas, o método fenomenológico de Husserl, procurando
aplicar as indicações que este prescrevia, desmistificando atitude
natural e atitude fenomenológica, esmiuçando o gesto intelectual da
epoché,
assumindo a intuição de essências como objetivo a alcançar, após
um procedimento rigoroso, de reflexão, explicitação e descrição.
Podemos compreender que não é quanto ao seu método que encontramos
alguma originalidade, pelo menos frente a Husserl, na psicologia
fenomenológica de Sartre.
Primeiramente
aponto um entendimento distinto a respeito da intencionalidade da
consciência. Se para Husserl a intencionalidade é reconhecida como
essencial à consciência, para Sartre, e por uma radicalização que
manifesta, a intencionalidade mostra-se afinal como tudo o que a
consciência pode ser, ou seja, seu único modo de ser. Em segundo
lugar, um entendimento divergente sobre o papel e o lugar do Ego na
relação com a consciência - para Sartre, ao contrário, de maneira
nenhuma, pode considerar uma imanência do Ego à consciência. Em
suma, se faz sentido verbalizar de uma psicologia fenomenológica
especificamente sartriana.
É
legitimo afirmar que Sartre foi um
crítico de Freud, ainda que se disponha a se inspirar na
psicanálise. Mas é fundamental averiguar mais especificamente a sua
posição, enquanto representante da fenomenologia que, ao mesmo
tempo se explana como proponente de uma psicanálise existencial. A
apreciação crítica que, por regra, os fenomenólogos fazem da
psicanálise clássica freudiana encaminha-se, sobretudo à sua
pressuposição de uma base pulsional de carácter biológico.
Sartre elenca uma contradição profunda na psicanálise, ao
significar ao mesmo tempo
um elo explicativo e compreensivo
nos fenômenos que estuda (SARTRE, 2005). A fenomenologia, numa
primeira abordagem, tende a reagir mal a uma apresentação que
mistura tanto a dimensão fisiológica com a significativa, quanto às
dimensões explicativa e compreensiva, esforçando-se por dar conta
de uma incompatibilidade de princípio entre estas.
Em
meio a reflexões como estas se torna claro que a base da psicanálise
existencial não se mostra independente da psicologia fenomenológica,
da mesma maneira em que fica entendido a crítica de Sartre a Freud
através de Husserl. Pois, o método sartriano, reflexionado na
esteira próxima de Husserl e em vista da constituição de uma
ciência, não é propagado com a proposta de uma psicanálise
existencial.
Uma
das maneiras que podemos diferenciar a psicanálise existencial da
psicologia fenomenológica sartriana está na menor presença de
Husserl, compensada por uma maior presença de Heidegger em O
Ser e o Nada, assim como na maior
presença de Marx em Questões de
Método.
A
psicanálise existencial explana-se como
um método refletido a partir de inúmeros diálogos, críticas,
inspirações e contraposições com a teoria destes autores
principais. Este trabalho de Sartre em construir um método que de
fato possibilitasse a compreensão do homem como liberdade em
situação, sem reduzi-lo a determinismos, é a sua maior
contribuição às ciências humanas.
Sartre
coloca em prática sua psicanálise existencial por meio do que se
costuma reconhecer como “analisandos de papel”, célebres
personalidades analisadas pelo método sartriano como Baudelaire,
Mallarmé, Genet e Flaubert, de forma a contribuir com o desejo do
autor de não permanecer fechado a uma filosofia contemplativa, mas
desenvolver um método que possibilitasse uma prática. Deste modo, é
em O Ser e o Nada,
em meio às influências já citadas, que Sartre (2001) constrói seu
método a fim de apontar fundamentos para algo que fosse além de uma
simples descrição das estruturas do para-si,
modo de ser da realidade humana. Ao longo do capítulo de Psicanálise
Existencial de O Ser e o Nada, Sartre
faz diversas referências a tal urgência metodológica, urgência
esta que revela sua necessidade de pensar outro caminho, que
ultrapassasse algumas lacunas deixados por Freud. Uma
das principais divergências entre Sartre e Freud descreve-se ao fato
de que a psicanálise empírica freudiana define o homem por seus
desejos. Para Sartre (2001), o psicólogo que parte deste pressuposto
“permanece vítima da ilusão substancialista” (p.682) entendendo
o desejo como um “conteúdo” da consciência, existente no
homem. Para a psicanálise
existencial, essa questão foi ajustada pela fenomenologia, a qual
emprega desde o início que se todo desejo é desejo de um desejado,
posto que para Sartre todo e qualquer objeto desejado esta fora,
é objeto transcendente para a consciência desejante.
A
diferença mais radical entre os dois autores reside na
incompatibilidade em relação ao ponto chave de toda edificação
teórica da psicanálise freudiana, o inconsciente. Para Sartre,
somos sempre consciência, mas nem sempre conhecimento, o que não
significa, de modo algum, considerar que haja uma instância
inconsciente. Essa discordância fundamental acontece como um
desdobramento coerente e derivado de toda a ontologia estabelecida
desde a introdução de O Ser e o
Nada.
A
psicanálise existencial pretende, então, compreender o projeto
fundamental do homem, efetuando uma comparação entre suas escolhas
de modo a destacar a conexão que as unifica, já que “em cada uma
delas acha-se a pessoa em sua inteireza” (SARTRE, 2001, p. 690).
As
contribuições de Sartre à psicologia, desde sua psicologia
fenomenológica ao seu método de Psicanálise Existencial, o
filósofo nos oferece novas bases de pensamento para o estudo do
homem que possibilitam uma compreensão, ao mesmo tempo, de sua
historicidade e de sua singularidade. Sartre tinha como objetivo de
sua psicanálise o estudo de seus “analisandos de papel”, mas as
implicações de sua psicologia e psicanálise para a clínica hoje é
ainda uma tarefa que nos propomos a refletir.
PRINCÍPIOS
PARA UMA PRÁTICA CLÍNICA SARTRIANA
Não
possamos afirmar confortavelmente que Sartre tenha projetado os
princípios para uma prática clínica embasada na sua filosofia e na
sua psicologia. Se for legítimo fazer-se menção seja a uma
filosofia sartriana seja a uma psicologia sartriana, ambas originais,
não se justifica, porém, falar de uma clínica sartriana. Isto não
impede bem entendido, que se reflita uma prática clínica inspirada
em Sartre. Como é de conhecimento, em O Ser e o Nada, Sartre
ia deixando o recado de que ainda faltava à psicanálise existencial
ao seu Freud.
Quando
Sartre afirmou a ausência da psicanálise existencial ao seu Freud,
podemos crer estar admitindo, de uma forma clara a falta da
psicanálise existencial a sua clínica. Apesar destas ressalvas, já
na obra de 1943, Sartre deixa dito uma pretensão de que uma clínica
viesse a constituir-se, sobretudo pela referência explícita que ele
faz à relação clínica, chegando a enfatizar algumas nuances
fundamentais de como poderia ser uma atitude de um psicanalista
existencial em oposição a atitude de um psicanalista de base
teórica freudiana.
Ocorre
no espaço clínico o acontecimento de uma relação entre duas
pessoas que se predispõem a uma situação clínica e a inspiração
sartriana propiciará ao fenômeno da compreensão o papel
fundamental, reivindicando com isso uma constante necessidade de se
elaborar práticas daqueles que compreendem, como uma atitude
fenomenológica. Uma clínica de inspiração sartriana se define por
uma busca coletiva de se construir novos ângulos de visão sobre as
diversas perspectivas já constituídas. Uma atitude fenomenológica
implica em colocar o outro enquanto fenômeno que se mostra através
dessas diferentes perspectivas. Assim, o objetivo da clínica é
propor que este espaço seja aberto à aparição do ato de criação
dos sentidos, ao contrário de uma busca por verdades independentes
da relação que ali está em jogo. A possibilidade de criação dos
sentidos, nesse caso, é uma possibilidade aberta pela relação
intersubjetiva que se estabelece entre dois para-sis sob o modo de
ser para-outrem. Ambos, analista e analisando utilizam nesse caso do
olhar do outro como objetivação precisa para a compreensão do
fenômeno por um “lado de fora”, e não simplesmente na “luz
que ilumina sem relevos” da subjetividade (SARTRE, 2001). Desta
forma, ambos possibilitam a explanação de uma construção de
sentidos conjunta, através de uma relação de confiança que se
constrói no ponto de vista de outrem, de um outro perfil, do mesmo
fenômeno. Sendo assim, podemos consideramos que o objetivo do
trabalho clínico é possibilitar que à pessoa possa vir a
reconhecer-se. Como afirma Sartre, o olhar do outro permite o
reconhecimento de minha condição existencial, já que através dele
me é dado um “lado de fora”, isto é, um ângulo meu, que seria
impossível de atingir sozinho. Para me reconhecer como tal,
necessito deste outro que me olha. Desta forma, diz Paulo Perdigão
(1995), “só estou capacitado a formular um juízo objetivo,
saber-me de determinado modo [...] porque esse tipo de
autoconhecimento passa pelo Outro” (p. 143). Tal afirmação de me
reconhecer diante deste outro que me olha é intencionalmente
expressa por Sartre na carta que Daniel escreve a Mathieu no romance
Sursis:
Durante
um instante, foste o mediador entre mim e mim mesmo, o mais precioso
do mundo aos meus olhos, pois esse sólido e denso que eu era, que
queria ser, tu o percebias tão simplesmente, tão vulgarmente, como
eu te percebia. [...] Compreendi, então, que a gente só se podia
alcançar através do juízo de outrem [...] Que angustia descobrir
subitamente esses olhos como um ambiente universal do qual não posso
fugir [...] Transformo para uso próprio, e com toda a tua
indignação, a palavra imbecil e criminosa de vosso profeta, esse
‘penso, logo existo’ que tanto me fez sofrer – pois quanto mais
eu pensava menos me parecia existir – e digo: vêem-me, logo existo
(SARTRE, 2005b, p.398).
Quando
se pensa na clínica com base em Sartre, devemos adentrar na criação
de algo novo, que não foi desenvolvido pelo autor, e que nos lança
no terreno vivencial da experiência, mas precisamente a partir do
quadro de referências constituídos no seio da sua psicologia
fenomenológica e da sua psicanálise existencial. Com
a necessidade de criar
possibilidades
para a clínica a psicóloga Tereza Erthal em 1989 obteve a
autorização de Arlete Erkaim-Sartre para desenvolver a Psicoterapia
Vivencial. A Terapia Vivencial por um, lado prioriza a relação
terapêutica, utilizando as atitudes rogerianas e, por outro,
buscando levar ao cliente a uma investigação de si, de suas
possibilidades, tendo como foco principal, a filosofia de Sartre, que
enfatiza a busca do projeto original. O método proposto na Terapia
Vivencial é o proposto por Sartre: progressivo- regressivo, que se
compõe pela apreensão dos significados e sentidos da experiência
do cliente e por uma volta à história do cliente, almejando
compreender como esse se constituiu como ser no mundo. Assim como,
Retomar o presente associando ao passado.
É primordial ressaltar que em nenhum momento o retornar ao passado
do cliente é um buscar por causas determinísticas e, sim, uma
leitura ampla da maneira dinâmica da construção de seu modo de
ser, no qual, estão implicados, fatores socioculturais, biológicos,
e suas escolhas. Esse
método apresentado não se estabelece de uma maneira cristalizada na
psicoterapia, mas de maneira flexível a cada relação terapêutica,
que é única, em um processo de ir e vir da historicidade do cliente
para o presente. A abordagem Vivencial reconhece que o terapeuta está
sempre em permanente esforço de aprendizagem e criação de sua
prática. Os terapeutas que fazem uso dessa abordagem são, na
verdade, profissionais especializados em psicoterapia que se
instrumentalizam do marco de referência Existencial, mas que também
estudam para desenvolver autonomamente uma teoria e uma prática
clínica. Cada profissional desenvolve uma forma peculiar de colocar
seus pressupostos em prática (ERTHAL, 1990). O
critério da Terapia Vivencial é que cliente volte ao seu estado
criativo, como ser no mundo, apropriando para si a responsabilidade
de suas escolhas e assim, também, sua autocriação. Também, tendo
como intenção a ampliação da autoconsciência e da capacidade de
autogerir-se.
A CLÍNICA FENOMENOLÓGICO EXISTENCIAL E O ATENDIMENTO PSICOLÓGICO
A
clínica psicológica dentro da abordagem fenomenológico
existencial, que propõe a respeitar todas as experiências do
cliente e a sua autonomia para dar novo sentido a sua história de
vida, sendo que, o psicólogo deve ir além do ouvir as
palavras ditas, utilizando-se da escuta ativa e empática para
almejar ao significado contextual e simbólico do que está sendo
verbalizado pelo cliente. Para tornar mais sintetizado, o psicólogo
em formação se coloca em uma postura de facilitador das expressões
de seu cliente, para isso não se utilizando da interpretação, mas
sim, da compreensão existencial do cliente (GOMES; CASTRO, 2010).
Sabe-se
que em psicoterapia a principal ferramenta do processo é a fala,
porém quando não possuímos essa atitude do cliente deve-se
perceber que a comunicação não é apenas verbal, podendo ser
expressa também de um modo não-verbal onde o “falar” pode se
ter um sentido mais amplo, em apenas “comportar-se”. Mesmo o
psicólogo em formação e cliente iniciam a terapia pela fala,
muitas mensagens são expostas de forma não verbal ao longo das
sessões, e cada um, aprende a “ler” e interpretar a linguagem
silenciosa do outro em diálogo terapêutico. (FIGUEIREDO, 2005,
p.32).
Com
base nos fundamentos teóricos sobre fenomenologia existencial,
considera-se que existencialmente o
Ser
se configura em um modo de existir
em ato. As
cobranças em
diversos contextos
familiares, sociais dentro desse processo acarretam diversas formas
de sofrimento ao sujeito em transição, tanto no que se refere a
sua maneira de comportar e pensar, ou seja, percebe-se um verdadeiro
conflito existencial (FERREIRA; ANASTÁCIO, 2012).
A
falta de compreensão desse
ciclo
vital pode deixar as condições existenciais ainda mais densas e
insuportáveis, fazendo com o Ser
paralise
completamente para o mundo exterior, silenciando seu sofrimento.
Caracterizando-se por uma intensa busca de si mesmo, encontrando-se
constantemente com crises e contradições. Diante de tais
sentimentos que de alguma forma o sofrimento psíquico vai se
instalando de forma gradual, no
estudo de caso especificamente observo
uma maneira de se mostrar para um mundo em que o silêncio e
o paralisar, limitando que ampliar possibilidades
foi única saída para tais sensações de exposição. O quadro pode
ser um comportamento apresentado por muitas pessoas com o intuito de
se
esquivar
do mundo externo e de suas experiências. O
ser humano é afetivo e que precisa dessas manifestações para
conviver de maneira saudável. Embasando-se
da conceituação de afetividade descrita por Ballone (2005), para
compreender melhor a sua importância. Portanto afetividade é como
uma energia capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma
energia psíquica dirigida ao relacionamento do Ser
com sua vida, como o humor necessário para valoração das
vivências.
O SILÊNCIO PSICOTERAPÊUTICO COMO MANIFESTAÇÃO DO SOFRIMENTO
É
recorrente deparar
como
o silêncio em psicoterapia e
o
momento angustiante, principalmente para o psicólogo e que diante disso muitas vezes
considera
não
fazer
um bom trabalho. Os terapeutas existenciais compreendem
o quão primordial
é a fala no processo do
trabalho terapêutico, porém em alguns casos a ausência dessa
manifestação verbal e a partir daí tem uma nova forma de entrar
em contato com o fenômeno, ou seja, por meio da compreensão
empática dos comportamentos não verbais. “É
preciso salientar que o terapeuta deve examinar e apreender a
linguagem verbal e não verbal do cliente, sempre baseado no
contexto. Nas palavras de Erthal (1995), o silêncio, a imobilidade
ou qualquer outra forma de renúncia já em si uma comunicação”
(ALMEIDA; NETO, 2012). Perante
a tal dificuldade é primordial
um olhar mais compreensivo do que interpretativo, e dar consciência
ao cliente sobre essa vivência
de se calar. Fazer isso por meio de intervenções mais assertivas,
ou seja, fazer com o que o cliente veja
os seus comportamentos, pontuando
para ele suas condutas e a sua forma de linguagem
não verbal.
Compreender que cada sujeito vê
grandes obstáculos em sua existência, cabendo uma ampliação para visualizar a sua vida como algo possível e real, fazendo isso por
meio da tomada de consciência. E que em alguns momentos o calar-se
não é um ato de covardia, mas sim de luta, muitas vezes contra si
mesmo. Portanto, cabe compreender o silêncio para que o processo
terapêutico se torne um espaço em que haja a escuta para além do
que é dito, um espaço de acolhida, mesmo que a princípio não seja
manifestado nenhuma fala.
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Autor: Sidnei Eugênio de Oliveira
Acadêmico da 4ª Serie do curso de Psicologia - Universidade Paranaense - UNIPAR
Estagiário do Instituto AMPLIAR
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